Sunday, January 18, 2009

[First u]

Quando eu não me respeito, não sou eu quem escolhe o que vou receber, eu me sujeito ao que vier. É como um mendigo que estende a mão, o que derem será bem-vindo. Quando eu não me valorizo, fico sujeito a análise dos outros, a opinião de “qualquer um” importa, eu fico preso ao que os outros acham, e não saio do lugar. Quando eu valorizo demais uma pessoa, por mais que eu acredite que é amor, é apenas uma transferência, um medo de viver, que acaba virando medo de perder.
Não se iluda! Se você não se respeitar, não vai se valorizar. Respeitar-se é saber dos defeitos, mas mostrar às qualidades. É dar dignidade para o que você faz, fazer bem feito, não importa o que seja. O melhor cafezinho, a melhor obra de engenharia, a melhor sessão de psicanálise, o bolo mais gostoso, a aula mais proveitosa, a roupa mais branca, a varrição de rua perfeita, a administração nota 10. Renove-se! A vida pode ser colorida sim! Depende apenas dos seus olhos!
O emprego pode ser o mesmo, mas você mudou, e tudo vai mudar, até o chefe carrasco, afinal de contas, nada, nada resiste ao amor. Uma tarde simples pode se tornar inesquecível se você simplesmente sair para ver o por-do-sol, um dia chuvoso pode ser bom se você decidir andar um pouco na chuva ao lado de quem gosta. Uma briga pode ser interessante para que você reflita sobre o que está ou não errado. O silêncio é tão importante em certos momentos.Agora o AMOR próprio é essencial e pode mudar todo o mundo a sua volta. Pense nisso.
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Música para ouvir: Freedom - Akon
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Friday, January 16, 2009

[No filosofia. Yes sentidos.]

Nunca escondi que sou uma fã incondicional de Fernando Pessoa. Cheio de sentimento, cheio de amor, dor, alegria, tristeza, das coisas que li dele descobri um homem de extremos, intensidade. Que vivia o que tinha que viver como no todo. Me vejo um pouco dessa forma nesses últimos tempos. Vivendo o que me é aprensentado, o que consigo enxergar. Só temos uma diferença: Em alguns momentos pensar no futuro é para mim um exercício interessante e válido. Um tipo de 'inocência de não pensar', algo que acontece.
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O meu olhar
[Alberto Caeiro]

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda, E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo.
Mas não penso nele Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar...
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Música para ouvir: Your body is my wonderland - John Mayer.
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Sunday, January 11, 2009

[Qual é a sua?]

Esse texto da Martha Medeiros tem a cara do Ano Novo. É bem particular. Trata-se de tomarmos um pouco mais de consciência que cada pessoa é um mundo e para cada mundo uma série de idéias, viturdes, verdades, vontades, formas de ver a vida. Porque muitas são as formas de amar alguém, de sentirmos felicidade ou qualquer outro tipo de sentimento. Aproveitem!

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No livro de Carlos Moraes, o ótimo “Agora Deus vai te pegar lá fora”, há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major:
- “Por que você não é feliz como todo mundo?”
A que ela responde mais ou menos assim:
“Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é a minha, major.”
E assim é. Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos.
Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que seu casamento deve ser um inferno, pobre sujeito. É nestas horas que junto a ponta dos cinco dedos da mão e sacudo-a no ar, feito uma italiana indignada:
- Mas que sabemos nós da vida dos outros?Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave da porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar-se no cinema, sozinho, para assistir ao filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações.
Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo - ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.
O que sei eu sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio? Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter - juízes indefectíveis que somos da vida alheia - mas é um atrevimento nos outorgar o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz.
A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã.
Toda felicidade é construída por emoções secretas.Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão.


[Martha Medeiros]
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Música para ouvir: Blame it on me - Akon

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Sunday, January 04, 2009

[Atritos]

Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso. É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio,e as pedras que estão em sua foz? As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas.
Assim também agem nossos contatos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitirum relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar.É começar e terminar a existênciacom uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas,me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor,mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas. Faz parte...Reveses momentâneos servem para o crescimento. A isso chamamos experiência.

Penso que existe algo mais profundo, ainda nessa análise. Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos. Os seres de grande valor, percebem que ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência, e ficando cada vez menores, menores, menores... Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existênciae importância do outro, e principalmente da grandeza de DEUS, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado? Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago. É lá que está o verdadeiro valor...

Pois, DEUS fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto,constituído de muitos elementos,mas essencialmente de AMOR.DEUS deu a cada um de nós essa capacidade, a de AMAR...Mas temos que aprender como. Para chegarmos a esse âmago,temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor. Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...os superando. Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento...E envolvimento gera atrito. Minha palavra final: ATRITE-SE! Não existe outra forma de descobrir o AMOR. E sem ele a VIDA não tem significado.

[Roberto Crema]
Presidente do Colégio Internacional dos Terapeutas – UNIPAZ. –