Nunca escondi que sou uma fã incondicional de Fernando Pessoa. Cheio de sentimento, cheio de amor, dor, alegria, tristeza, das coisas que li dele descobri um homem de extremos, intensidade. Que vivia o que tinha que viver como no todo. Me vejo um pouco dessa forma nesses últimos tempos. Vivendo o que me é aprensentado, o que consigo enxergar. Só temos uma diferença: Em alguns momentos pensar no futuro é para mim um exercício interessante e válido. Um tipo de 'inocência de não pensar', algo que acontece.
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O meu olhar
[Alberto Caeiro]
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda, E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo.
Mas não penso nele Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar...
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Música para ouvir: Your body is my wonderland - John Mayer.
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