Peço licença a minha prima Andrea para publicar o texto feito e lido por ela para minha tia Fátima dia 02 de fevereiro, em sua missa de 1 ano de partida. Achei as palavras lindas, cheias de sentimento. Um pouco de tudo que passamos depois que ela nos deixou. Cada um com sua saudade e um tipo de intensidade e todos com o mesmo pensamento: A família e o amor continuam.
São várias as coisas as quais me orgulho de minha família. E entre elas está a capacidade de nos mantermos unidos, de prestarmos ajuda em todo e qualquer momento. O afeto, a compreensão e o carinho são constantes na família Medeiros. Talvez seja por isso que no meio de tanta coisa ruim no mundo, pessoas complicadas, situações chatas temos sempre a certeza que tudo vai dar certo e permanecer porque nossas bases foram fincadas no amor.
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Queridos amigos,
Hoje cedo a vida passou como um filme na minha memória. Longos minutos de imagens superpostas, algumas sem nexo. Ao final de tudo comecei a refletir sobre a Teoria da Relatividade e da Simultaneidade, em que o futuro pode parecer passado.
Explico-me melhor:
Um ano. Tempo físico de 12 meses. De 365 dias. Um conflito de tempo no mesmo observador: eu.
Um ano mais parece ainda agora, ontem. A inesperada partida, a dor do futuro que nos foi removido no tempo de um susto, de um suspiro. As sensações deste ano são de ontem. Recentes. Fresquinhas.
As lições aprendidas igualmente: ser mais em Deus! Dar aos outros exatamente o que somos de melhor, e quando a preguiça – ou outro sentimento- nos impedir disto, que o perdão seja supremo no coração de quem porventura magoamos e no nosso próprio coração. É preciso perdoar-se.
Perdoar talvez seja verdadeiramente o verbo-chave para uma alma mais tranqüila e leve.
Um ano que parece ser muito mais que século, pela presença cotidiana e marcante agora ausente. Por todos os muitos momentos em que estaria ao lado, com o sorriso brilhante, o abraço confortante ou uma simples brincadeira. Suas mãos delicadas...
Eu juro, como este ano faz tempo. Como faz tempo! E nesse muito tempo permeado de saudade, a vida mostrou-se plena em seu ciclo. Amigos queridos partiram bruscamente. A princesa Maria Cecília chegou. Outros bebês de parentes e amigos estão a caminho. Nossa família sentiu o cheiro de um milagre. E fortemente agradeço a Deus por ter suportado viver todas as emoções com lucidez.
Um ano que foi ontem. As pessoas a nos querer bem e conosco confraternizar-se em solidariedade.
Um ano que é agora: a reafirmação da mesma amizade. Aquela tal amizade sutil que permite desbotar menos a tela da vida, que faz prosperar a esperança de manter-se intacta a visão poética dos acontecimentos. Um ano que se torna eterno com o calor dos abraços mais sinceros. Tanto carinho.
E para trechos de cenas da memória desta manhã: Milton.
“Todos os dias é um vai e vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega para ficar. Tem gente que vai para nunca mais. Tem gente que vem e quer voltar. Tem gente que vai e quer ficar. Tem gente que veio só olhar. Tem gente a sorrir e a chorar. E assim, chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma desta estação é a vida desse meu lugar. É a vida desse meu lugar. É a vida.”
Por fim, deixo-lhes a minha mais curta e poderosa oração:
Que o Espírito Santo habite em você e lhe complete com paz. Amém.
Andrea Aladim
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Música para ouvir: Encontros & despedidas - Milton Nascimento
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